Coimbra produz maiores torres eólicas do mundo

22-02-2010 22:11

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra está a desenvolver um projecto para o fabrico das "torres metálicas mais altas e mais resistentes do mundo" para a produção de energia eólica. A nova estrutura, que deverá começar a ser testada no terreno (em local ainda não determinado) é, também, cerca de 10% mais barata do que a que tem sido utilizada.

Recorrendo a aço de alta resistência e melhorando os "detalhes de ligações (que são muito caros e condicionam toda a construção e seu custo)", as futuras torres resultam mais leves e de mais fácil transporte. E possuem maior capacidade de produção de energia, uma vez que são mais altas (podem atingir 120 metros, dependendo de factores como a localização) e, sobretudo, mais resistentes, aumentando, assim, "significativamente a potência dos aerogeradores a instalar".

Em termos económicos, diz ainda, ao DN, Luís Simões da Silva, director do departamento de Engenharia Civil da FCTUC, a torre representa até 20% do custo total de um areogerador, o que considerando o ritmo actual de criação de parques eólicos, representa, na Europa uma poupança anual de cem milhões de euros. E em Portugal, dez milhões de euros por ano, nos próximos três anos, tendo em conta os parques previstos para este período.

No projecto, vencedor de uma candidatura europeia e com orçamento de 1,4 milhões de euros, estão envolvidas outras três universidades (da Alemanha, Suécia e Grécia) e três empresas, das quais a Repower Portugal, que já produz, em Oliveira de Frades, torres eólicas e prevê criar duas unidades em Aveiro.

 

 

UC desenvolve torres eólicas mais altas e resistentes

 


UC lidera projecto pioneiro que pretende construir as torres eólicas mais resistentes e económicas do Mundo. O trabalho arranca dia 1 de Julho, durará três anos, e espera-se que coloque a indústria portuguesa em lugar cimeiro na área da energia eólica

A Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC) é líder de um projecto pioneiro que pode colocar a indústria portuguesa em lugar de destaque a nível mundial na área da construção de torres eólicas. Bruxelas decidiu financiar com 1,4 milhões de euros um trabalho que terá a duração de três anos e que pretende desenvolver «as torres metálicas mais resistentes para os parques eólicos de todo o mundo».
Em termos concretos, o que se propõe a FCTUC, em conjunto com três universidades e outras tantas empresas europeias (incluindo uma portuguesa, com sede na Ribeira de Frades, Coimbra) é construir «torres mais altas, mais resistentes e mais económicas», não só para garantir a sustentabilidade do projecto, mas especialmente para dar resposta aos geradores eólicos que «são cada vez mais potentes».
«A potência das turbinas eólicas tem vindo a aumentar. Muitas trabalham já a cinco mega watts, quando o normal é de dois a 2,5 mega watts», explicou ao Diário de Coimbra Luís Simões da Silva, presidente do Conselho do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC e o principal responsável pelo projecto.
HISTWIN – “High strength steel tower for wind turbines” (ou “Torres eólicas em aço de alta resistência”), assim se chama o projecto, pretende, através da aplicação de aço de alta resistência (S460) fazer nascer uma nova geração de torres, que poderão ter uma altura entre os 80 e os 120 metros e que serão «mais leves e mais fáceis de transportar e, portanto, mais económicas», continuou.
É que, de acordo com estudos efectuados, a torre metálica representa 20% do custo total de um gerador construído. Portanto, e tendo em conta a aposta mundial nas energias alternativas e, concretamente, na instalação de parques eólicos, o projecto liderado pela FCTUC poderá vir a representar, só à escala europeia, «uma poupança anual de 100 mil euros», considera Luís Simões da Silva. Convém destacar ainda que, na classe das fontes de energia renováveis, a energia eólica é aquela em que mais se tem apostado, na última década, na Europa.

Arranque a 1 de Julho

O projecto arranca já no dia 1 de Julho, cabendo à FCTUC - a quem está cabimentada uma quantia de 225 mil euros - uma tarefa fundamental. A UC irá desenvolver e experimentar as novas tecnologias a aplicar nas torres, para, nos dois anos seguintes que dura o trabalho, poder observar o comportamento de uma torre construída no âmbito do projecto «num parque real», ainda não escolhido. Tudo em conjunto com a Repower Portugal, especialista no fabrico de torres eólicas, que, para além da fábrica de torres, irá abrir no nosso país duas outras unidades fabris, uma de pás e outra de componentes mecânicos dos aerogeradores.
«O primeiro ano será de desenvolvimento e os dois restantes de experimentação», resumiu o responsável do projecto, mostrando-se confiante que, lá para finais de 2009, «as torres eólicas já serão construídas em todo o mundo de acordo com este conceito». A esperança é ainda de que «as empresas portuguesas nesta área possam vir a ser mais competitivas a nível mundial», avançou.
«Este projecto assume uma brutal importância porque vai permitir que a indústria portuguesa se torne líder a nível mundial nesta área», considerou, não tendo dúvidas de que o êxito desta ideia terá «uma implicação directa na indústria nacional», uma vez que, exportar estas novas torres, «representa vitalidade para a economia portuguesa», adiantou, recordando ainda as implicações na criação de novos postos de trabalho.
Quanto à importância para a instituição Universidade de Coimbra, Luís Simões da Silva observa que este trabalho vem «mostrar claramente que a nossa universidade não faz investigação abstracta e sim com utilização prática», destacando o trabalho «directo com as empresas, nomeadamente portuguesas» que, como sublinhou, «é cada vez mais importante para a competitividade do país».
Para além da Universidade de Coimbra, através da FCTUC, são parceiros neste projecto três universidades, da Suécia, Alemanha e da Grécia; e outras tantas empresas, da Finlândia, da Alemanha e de Portugal.